Competitividade entre profissionais: até que ponto ela é saudável para os negócios?
Contar com desafios na carreira é essencial para manter um profissional sempre em busca da sua melhor performance. No entanto, será que existe limite quando o assunto é competitividade dentro da própria empresa, entre colegas de trabalho? Uma pesquisa da companhia global de recrutamento Page Personnel mostrou que 40,3% dos entrevistados acreditam que esse fator é necessário. No entanto, de acordo com o consultor empresarial Roberto Vilela, quando há uma distorção deste cenário, a equipe de trabalho acaba sendo prejudicada.
“Existe uma linha bastante tênue quando o assunto é competição entre colegas. Em qualquer caso é essencial que as pessoas tenham claras as metas que precisam atingir e saibam que todas estão atuando por um objetivo em comum, que é o sucesso da empresa. É importante, claro, pensar na própria carreira, mas quando esse fator se sobressai o que vemos é o bloqueio de informações, quebra de confiança, equipes mal estruturadas e uma disparidade das atuações”, comenta.
Roberto comenta que um dos erros estratégicos das empresas é não estabelecer metas conjuntas, que devam ser cumpridas com a atuação de todo o time. “Isso garante um melhor equilíbrio entre a ambição de cada um e o planejamento do negócio. É possível alcançar ambos, desde que não haja uma deturpação no caminho”, diz.
O consultor destaca que entre as atitudes que apontam uma competitividade além dos limites saudáveis a apropriação intelectual, a distorção de informações e a indução ao erro. “Percebo que uma equipe está no caminho errado quando nela estão indivíduos que preferem guardar um dado importante para o desempenho da empresa a compartilhar com os demais. Também é comum que esse perfil de pessoa, mesmo percebendo um equívoco do colega, não o alerte e até mesmo o incentive a continuar no caminho errado. Há ainda aquele profissional que se apropria da ideia concebida em conjunto para apresentar como sua ou ainda expõe publicamente o defeito do outro, em detrimento de qualidades e ações que ajudaram o time a chegar em determinado patamar”, comenta.
Há um meio termo?
Para o consultor empresarial, sim. “Para evitar o cruzamento dessa linha tênue, a empresa deve investir na preparação de seus gestores e estes estarem atentos às atitudes das equipes. Se necessário, é indicado o desligamento de alguém com perfil prejudicial e é sempre fundamental manter a transparência através de feedbacks, apontando para o profissional momentos em que ele passou dos limites”, conclui.