Composição dos cristais: o que a química pode nos ensinar sobre padrões de comportamento
Disclaimer de abertura: esse artigo não é sobre esoterismo, a energia espiritual emanada dos cristais e suas propriedades mágicas (para quem acredita) não serão alvos de discussão aqui. Dito isso, veremos o que a cristalografia, ciência que estuda a composição química dos cristais, pode nos ensinar sobre padrões de organização do nosso repertório e o que isso tem a ver com a nossa experiência humana.
Pedras preciosas estão presentes em praticamente todas as civilizações que floresceram no mundo. Gemas como rubi, safira, esmeralda, topázio entre outras se destacam até hoje pela sua raridade e difícil custo de aquisição, além de possuírem enorme brilho e beleza. Na química elas são classificadas como cristais, nome dado aos objetos estudados pela Cristalografia, ciência que procura entender a composição e organização atômica de elementos nessa formação muito específica.
Existem cristais muito valiosos como o diamante, o rubi, a safira, a esmeralda, e outros cristais não tão valiosos assim, como a jade e o quartzo; há inclusive os que são comestíveis, como o sal de cozinha e o açúcar. O que os difere de outros objetos? As respostas para essa pergunta são inúmeras, mas vamos nos concentrar na característica que considero relevante para estabelecer uma relação entre a formação dos cristais e a nossa transformação como profissionais, e também como pessoas de um modo geral.
Em sua definição conceitual, um cristal nada mais é do que uma configuração muito organizada de átomos ou moléculas de íons dispostos numa rede espacial ou tridimensional, e isso é o que torna especiais. O rubi e a safira, por exemplo, são óxidos de alumínio (Al2O3) organizados em forma hexagonal; alguém poderia se perguntar “então posso juntar alumínio e oxigênio, dois elementos absurdamente abundantes na natureza, para fazer algo extremamente valioso?”, e a resposta é ÓBVIO! Outro exemplo - que dispensa apresentações - é o diamante que, assim como o grafite, possui apenas carbono (C) em sua composição; só que no primeiro caso o carbono é organizado de forma tetraédrica - em pirâmide - e é conseguido apenas em elevadas temperaturas e altíssima pressão atmosférica, já o segundo tem formação menos complexa e não possui seus átomos arranjados em três dimensões. Nem preciso dizer aqui qual dos dois é mais valioso, não quero testar a sua paciência pois sei que você já sabe. E o que isso tem a ver com a experiência humana? Apenas TUDO!
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A própria natureza já definiu que formas diferentes de organização da matéria e elementos químicos podem gerar resultados surpreendentes e raros em alguns casos, assim como resultados simples e triviais em outros. Com a nossa experiência humana não é diferente. Assim como os cristais preciosos que são formados pelos mesmos elementos de objetos de pouco valor, a nossa organização e materialização do nosso repertório vão definir que nível de resultados iremos atingir em tudo que façamos: desenvolvimento de produtos, criação de empresas, níveis elevados de governança, impacto social e ambiental, ampliação da nossa expertise enquanto profissionais, nossos relacionamentos, tudo isso é composto pelos mesmos elementos humanos básicos que estão disponíveis ao nosso alcance.
Mas não dá pra chegar ao mesmo resultado se eles não passarem pelo aprendizado através da experimentação, da parametrização e da observação (falo desses três assuntos com mais detalhes nesse artigo, caso tenha interesse basta clicar aqui). Recombinar o nosso repertório para atingirmos resultados melhores pode até não ser a receita do sucesso - até porque não é meu intuito vender falsas expectativas nesse texto, e fujam de pessoas que prometem a receita do sucesso, 100% delas são picaretas -, mas estressar as possibilidades põem as chances ao nosso favor.
Não temos bola de cristal n̶u̶m̶ ̶a̶r̶t̶i̶g̶o̶ ̶s̶o̶b̶r̶e̶ ̶c̶r̶i̶s̶t̶a̶i̶s̶ ̶e̶u̶ ̶P̶R̶E̶C̶I̶S̶A̶V̶A̶ ̶f̶a̶l̶a̶r̶ ̶s̶o̶b̶r̶e̶ ̶b̶o̶l̶a̶ ̶d̶e̶ ̶c̶r̶i̶s̶t̶a̶l̶ ̶m̶e̶ ̶p̶e̶r̶d̶o̶e̶ para adivinhar resultados futuros, porém mensurar probabilidades e calcular os riscos (nesse artigo aqui falo um pouco sobre risco, quem gosta do assunto sugiro a leitura) é algo que podemos fazer. Se nem a natureza - que é muito mais complexa e antiga que a experiência humana - já experimentou todas as combinações possíveis de elementos, quem dirá nós que estamos apenas na aurora da existência? Apenas começamos. Ainda há uma infinidade de caminhos para percorrer, coisas para aprender, e relações para fazer. Seja um cristal, e não qualquer cristal, um cristal precioso. Até mais!