As lições de negócios que aprendi em Bamidbar

As lições de negócios que aprendi em Bamidbar

Em homenagem ao meu sócio Bolivar Barreira.

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Imagine acordar um dia com a sua família em uma cabana no meio do deserto. Ao sair da cabana, você vê outras cabanas ao redor.

Na cabana em frente à sua, sai uma pessoa. É o seu colega de trabalho. Ele também foi parar lá com a família dele. Ao observar as diversas pessoas andando entre as cabanas, muitos rostos são conhecidos. São de pessoas que trabalham na sua empresa! Elas também foram transportadas ao deserto com as suas respectivas famílias. No meio das cabanas há uma enorme tenda, com alimentos e bebidas suficientes apenas para alguns poucos meses. Ninguém sabe a quanto tempo fica a cidade mais próxima e se esses alimentos durarão até lá. Imagine que isso está acontecendo de verdade.

Dito isso, eu lhe pergunto. Como vocês irão sobreviver? Quem será o líder, o CEO? Como transportar os alimentos? Como transportar as cabanas e as crianças? Como evitar o caos total pela falta de alimentos e manter a paz mínima para o grupo? Como continuar sempre andando em linha reta? Para qual direção todos devem andar?

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É em um contexto parecido que se inicia a história de Bamidbar (que em hebraico significa “no deserto”).

É o nome também dado ao quarto livro da Torá, conhecido como “Números”. Isso porque o primeiro mandamento nele registrado é o de fazer um censo da população que se encontrava no deserto. Com um detalhe: todos os indivíduos deveriam ser contados de cabeça erguida.

Mas por que D´us ordenou que fossem contadas quantas pessoas havia no deserto? Afinal, D´us com toda sua grandiosidade já não sabia quantas pessoas havia ali? Além disso, por que as pessoas deveriam ser contadas justamente de cabeça erguida?

Abaixo escrevo sobre algumas das lições que aprendi até agora, e que gostaria de compartilhar com você.

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De acordo com Rashi, um grande mestre, a ordem de contar foi em primeiro lugar para que D´us pudesse expressar e ensinar sobre o seu amor pelas pessoas que ali estavam e o quanto elas eram importantes para Ele. Afinal, você já percebeu que costumamos contar coisas importantes? Por exemplo, a quantidade de filhotes paridos por um animal ameaçado de extinção. Ou quando você sai de casa com pouco dinheiro e precisa contar o dinheiro da passagem. Certamente há algo importante ou especial em sua vida que você ama e valoriza, e que você já se pegou contando.

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Além disso, ao contar a quantidade de pessoas na tribo, a ordem também era de não dar peso para as funções das pessoas nem de pontuá-las pelas suas qualidades e defeitos. Todos valeriam a mesma coisa. Por quê? Porque devemos lembrar que todos possuem o mesmo valor e potencial, independente de cargo, salário ou contribuição para a empresa. O que seria da saúde das pessoas sem a faxineira da empresa para tirar o pó dos móveis e do carpete? Sem a pessoa que mede a temperatura na entrada do prédio para evitar o coronavírus? Talvez eles não sejam importantes para você, ou até mesmo substituíveis, mas muito provavelmente há alguém no mundo que depende ou dependerá dessas pessoas. Todos são iguais e importantes.

E por último, a ordem de contar cada um de cabeça erguida serve para nos lembrar que devemos conhecer melhor as características e a vida de cada um, na medida do possível. Devemos tentar conhecer os outros mais profundamente e individualmente. Entender suas angústias e seus sonhos e o papel de cada um. Assim poderemos aflorar neles o que há de único e melhor para a harmonia, confiança, inteligência coletiva e sucesso de todo o grupo.

Devemos evitar que o individualismo tape a individualidade, aproveitando mais o poder que essa diversidade trás.

Bolivar Barreira

Partner na Vehuiah Consultoria e Negócios

3 a

Valeu Marquinhos! excelente texto, ótima reflexão, juntos somos sempre mais fortes! Abs

Felipe Negreiros

Contador | Auditor | MBA Compliance e Gestão de Riscos | CNAI QTG | CRC Ativo | Controles Internos | SOX | Compliance | LGPD

3 a

Ótima reflexão, Marcos!

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