As lições de negócios que aprendi em Shelach

Seguindo a cronologia dos fatos reportados na Torá, a Parashá da semana passada (Shelach) conta sobre o episódio em que o povo judeu se aproximava da Terra Prometida. Nessa ocasião, antes de buscar conquistar a região (em princípio pacificamente), Moisés solicitou que 12 líderes verificassem as condições da terra e dos seus moradores.

Após verificarem sobre o assunto, os 12 líderes retornaram para o povo judeu com um relatório que informava que a região era próspera e abundante, porém o povo que vivia ali era forte e, ainda, que gigantes habitavam aquela área.

Apesar de contarem com a força divina de D´us e de terem assistido todos os acontecimentos praticamente inacreditáveis ocorridos no Egito e no deserto, o povo e 10 dos líderes inicialmente desistiram da missão dada de conquistar a terra prometida. Resumidamente, eles se enxergavam como “gafanhotos” diante de tamanha força dos atuais habitantes (relatada por esses espiões), e, por essa e outras razões não aceitaram esse desafio.

Coincidentemente ou não, nessa data de 9 de Av (data do calendário judaico) cinco grandes tragédias aconteceram ao povo judeu: (i) foi decretado que nossos ancestrais não entrariam na Terra Prometida; (ii) o Templo foi destruído pela primeira e (iii) pela segunda vez; (iv) a cidade de Beitar foi capturada e (v) a cidade de Jerusalém foi arada (Ibid., 26b).

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Havia um homem chamado Ygor Xyz, muito sábio, inteligente, esforçado e de bom coração que trabalhava em uma empresa de educação. Ele começou na empresa aos vinte e poucos anos como estagiário e foi crescendo até se tornar o diretor de uma das unidades. Um belo dia, diante dos ótimos resultados alcançados, o presidente dessa empresa ofereceu uma vaga ao Ygor para montar uma nova unidade nos EUA e Ygor aceitou a promoção com muita satisfação.

Passados alguns anos, a nova unidade dirigida por Ygor andava mal das pernas, com poucos alunos matriculados para o ano seguinte e alguns financiamentos acumulados. Além disso, alguns pais estavam atrasando nos pagamentos das mensalidades e Ygor já estava cansado e não sabia mais o que fazer.

Diante de tamanha responsabilidade e sensação de incompetência, Ygor escreveu um email para o presidente dessa empresa, solicitando que fosse enviado um novo nome para dirigir a unidade para substituí-lo. Ao ler essa carta, o presidente da empresa retornou com a seguinte mensagem.

“Prezado Ygor Xyz,

Primeiramente, obrigado pela sua mensagem. Diante da sua carta, irei providenciar o mais brevemente possível uma pessoa para assumir a sua unidade. Posso garantir sua tranquilidade pois confio muito no trabalho dessa pessoa. Ele é muito inteligente, sábio, esforçado e capacitado para qualquer desafio que porventura possa aparecer. Tenho plena convicção de que tudo dará certo pois conheço de perto o seu trabalho. O nome dessa pessoa é Ygor Xyz.”

Após ler a resposta, Ygor entendeu que ele era a pessoa certa para realizar o turnaround da unidade e passou a trabalhar com mais afinco, determinação e inteligência, alcançando muito sucesso posteriormente nessa unidade.

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Muitas vezes, diante do medo de fracassar, insegurança ou por nos encontrarmos em nossa zona de conforto, não colocamos o máximo de determinação nos desafios que são delegados a nós, nos nossos locais de trabalho.

Isso aconteceu com grande parte do povo judeu que, mesmo com a força de D´us, preferiu não se arriscar em conquistar a Terra Prometida. Para eles, seria muito mais cômodo continuar a vagar pelo deserto, pois acreditavam que lá eles tinham tudo que necessitavam: bons alimentos (maná), água de um poço milagroso, proteção (nuvens de glória) e ainda ficavam acampados em torno do Santuário. Nunca um povo havia vivido tão perto de D´us. Por outro lado, se eles entrassem na Terra Prometida, eles provavelmente teriam que lutar batalhas, manter um exército, criar uma economia, cultivar terra, se preocupar se haveria chuva suficiente para produzir colheita e todo o resto das preocupações do mundo físico.

Similarmente, apesar de sua franqueza, ao solicitar sua substituição Ygor também se colocou em uma posição em busca de “conforto” já que deixaria de ser responsável por um “pepino” após uma eventual saída sua da direção da unidade nos EUA.

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Podemos aprender com essas duas histórias que por maior que sejam os desafios que nos são delegados, sempre temos condições de superá-los e que desistir desses desafios é nada mais nada menos do que buscar uma zona de conforto.

Para superar um desafio, caso não nos vejamos com capacidade para tal, além da possibilidade de podermos colocar um maior esforço próprio, sempre podemos tentar buscar a ajuda de companheiros de trabalho e/ou dos nossos chefes (que delegaram e confiaram em nós a missão dada). Também devemos ter em mente que quando um cliente nos contrata, ele está depositando a sua confiança em nós porque acredita na nossa capacidade de dar conta do recado. E nós, por outro lado, que aceitamos cada desafio, devemos sempre diante das dificuldades encontradas nos esforçar ainda mais e nos recordar com orgulho de tudo que nós já realizamos e que outrora achávamos que não seriamos capazes. Afinal, quantos de nós já não superamos dificuldades que não nos julgávamos ser capazes de superar, como, por exemplo, uma prova de recuperação, uma monografia ou tese de mestrado, ou até mesmo aprender uma nova língua, um instrumento musical ou N outras coisas.

Logo, lembrem-se de suas conquistas, encha seu peito de orgulho (sem arrogância), deposite fé em si mesmo e em D´us e vamos pra cima. Sem medo, entenda que na vida nada se perde: ou se ganha ou se aprende.

Que D´us nos dê força e sabedoria para encararmos e superarmos nossos maiores medos e desafios dessa vida!

Uma boa semana para todos,

Marcos Akstein