A natureza da relação de ajuda

A natureza da relação de ajuda

Cotidianamente, somos tomados por inúmeras necessidades que não se limitam apenas a coisas de ordem material. Se assim fosse, a vida provavelmente seria mais simples. Nosso repertório de necessidades psicológicas é inesgotável; os sentidos sempre se encontram à espreita de e estímulos e desejos variados. Sonhamos desejosos de obter satisfação e realização. Porém, nem sempre conseguimos atender o esperado. Daí vem a tão conhecida sensação de frustração e impotência.

Entretanto, o que me chama a atenção é que culturalmente, não fomos educados para expressar nossas necessidades e desejos de forma clara e direta. Ao contrário, costumamos dar inúmeras voltas, esperando que o outro nos conheça o suficiente a ponto de adivinhar o que queremos. É como se ao decifrar nossos desejos, houvesse uma verdadeira demonstração de sinais de afeto e de reconhecimento da sua parte. Ledo engano! Nossos vínculos não se rendem às adivinhações, uma vez que necessitam de clareza na arte de oferecer ajuda.

Nesse sentido, também nos equivocamos na forma de oferecer apoio. Edgar Schein, em sua obra “Ajuda: a relação essencial”, esclarece de forma simples o enigma do processo da ajuda, à medida que revela a existência de algo mais complexo que está por trás desse tipo de comportamento: o investimento de tempo, de afeto e de um bom repertório de perguntas sobre as necessidades presentes na situação. Assim, se não fizermos esse valioso exercício, provavelmente contribuiremos muito pouco com o outro.

Nem sempre somos bem-sucedidos nesse tipo de atitude, porque deixamos de perguntar à outra parte de que forma podemos efetivamente atendê-la. Dessa maneira assumimos uma posição de  controle da situação, enquanto a outra parte, estando mais fragilizada tende a reagir à ajuda com reservas, uma vez que está recebendo algo diferente da sua real necessidade psicológica.

Para Schein, saber quando e como oferecer ajuda, e quando e como recebê-la dos outros são frutos de percepções que tornam os relacionamentos mais produtivos e maduros. Nesses momentos vale acolher a outra parte e examinar as possibilidade de ajudá-la sem que ela se sinta desprovida de valor e de potência.

A mentoria propõe um relacionamento de parceria entre o Mentor e Mentorado e para que as mudanças e resultados aconteçam, ambas as partes contam com a sua jornada de vida e de carreira, não havendo uma relação de poder hierarquizada. Todos aprendem por meio das experiências geradas por meio das conversas de mentoria.

A comunicação autêntica é um dos mais refinados ingredientes desse trabalho e nos convida a pensar mais profundamente sobre o valor das relações de ajuda, em uma perspectiva humanizante. Sem isso, a ajuda pode gerar dependência emocional e não aprendizado, correndo o risco de não ser próspera e confiável!

Maria Cristina Costa Consalter

Referencia bibliográfica:

Schein, Edgard H.

Ajuda: a relação essencial- valorize o poder de dar e receber ajuda. São Paulo: Arx Saraiva. 2009.

Marcos Oliveira

Facilitador em Melhoria Continua / Palestrante / Processos/ Manufatura Enxuta / Lean / WCM / Transformação de Fit Cultural /Empreendedorismo / Gestão

3 a

Excelente reflexão Cristina Consalter

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