O mais importante
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O mais importante

Era uma vez um reino distante, administrado por um rei muito sábio. Certo dia, ele convidou todos os seus súditos para participarem de uma grande festa, entretanto todos os filhos dos habitantes deveriam participar de um jogo, isso era obrigatório para participar do ágape. Aparentemente, o jogo parecia simples, os meninos e meninas teriam de procurar, no meio da floresta, um baú com um tesouro valiosíssimo, do qual teriam que tirar a coisa mais preciosa de todas e entregar ao soberano. Cada criança recebeu um mapa e saiu para procurar o seu tesouro. Aquele que acertasse na coisa mais valiosa para o Rei, seria declarado vencedor e ganharia o primeiro prêmio, um formoso cavalo branco. E, na maior algazarra, lá se foram os pimpolhos à cata do tesouro.

Quando começaram a achar os baús, ficaram sem fôlego. As arcas estavam cheias de coisas, todas muito bonitas e valiosas. Qual seria aquela que o Rei mais gostaria? Não tiveram dúvidas, começaram a pegar tudo, enfiavam nos bolsos, dentro das roupas, prendiam nos cintos, nos chapéus e, por fim, carregavam nas mãos e nos braços de tal maneira que quase não dava para enxergar o caminho. Só tinha um porém: o caminho de regresso estava cheio de armadilhas, pequenos obstáculos incapazes de machucar, mas que exigiam uma certa perícia para vencê-los. Pequenos desequilíbrios, quedas curtas, que davam motivos para grandes risadas. Um tropeço aqui, outro ali e, pimba, as coisas acabavam caindo. Uma regra do jogo complicava tudo, pois o que caísse no chão não poderia ser recuperado e deveria ser deixado para trás. A verdade é que uma após outra, as crianças foram chegando de mãos quase vazias.

O Rei se divertia com a situação. Os que chegavam, perguntavam “Meu Rei, diga-nos, por favor, qual era a coisa que tu querias? Qual era a coisa mais preciosa do tesouro que mandaste procurar? O que é que deveríamos ter trazido para te dar?”. O soberano, rindo ainda mais, respondia: "Esperem, seus apressadinhos! Quando todos chegarem, vamos ver se alguém acertou". Eis que apareceu uma menina muito pequenina, que não tinha a mesma força e nem corria tanto quanto os outros e que, por isso não tinha pegado tantas coisas. Trazia na mão apenas uma colher de prata, miudinha. Todos riram, porque lembravam que a arca estava cheia de peças de cristal finíssimo, colares de ouro e pedras preciosas raras. Quando se aproximou do Rei e lhe deu a colher, ele a ergueu feliz e cheio de alegria, proclamou-a a grande campeã, afirmando que ela havia descoberto a coisa mais valiosa e preciosa do tesouro. Pouco depois, apareceu o gordinho mais desajeitado do reino, com um copo em madeira todo gravado à mão, que também foi proclamado vencedor da prova, por ter trazido "a coisa mais valiosa e preciosa!”. Ninguém entendeu, os dois tinham pegado apenas uma peça cada um, por isso venceram as armadilhas do caminho e não as deixaram cair. Mas a pergunta ainda continuava no ar… afinal, qual era a coisa que o Rei mais gostava e achava importante? A colher de prata ou o copo de madeira. “Nenhuma dessas coisas! Eu queria que vocês, ao darem de cara com um tesouro, com tantas coisas boas e valiosas, descobrissem a coisa mais importante da nossa vida: a capacidade de escolher". Afinal, a vida é feita de escolhas, não é?


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