Quão normal você é?!

Quão normal você é?!

A palavra normal vem do latim normalis, “de acordo com a regra”, originalmente “feito de acordo com o esquadro do carpinteiro”, que era chamado norma. Passou a designar “o que segue o padrão”, o que está de acordo com o que se espera.

Se consultarmos os dicionários, teremos as seguintes definições:

- Usual, exemplar, comum

- Regular, conforme a regra

- O que é igual à maioria que está ao seu redor, não se destaca.

Pelas definições acima, podemos entender que esses “padrões normais” são naturalmente estabelecidos pela sociedade em que vivemos, de acordo com o que a maioria faz a nossa volta. E também é claro que com a era da tecnologia, fomos capazes de superar as fronteiras físicas e limitações regionais, possibilitando a criação de normas mais amplas e gerais, o que tem seu lado positivo, mas por outro lado, insere ainda mais referências de comportamento em nossas vidas.

À medida que vamos crescendo, vamos sendo influenciados e formatados por esse padrão de regras da sociedade, da família, da escola, dos amigos, etc. De forma geral, somos seres que precisamos pertencer a grupos e muitas vezes, o caminho mais fácil de pertencimento é seguir os comportamentos, conceitos e crenças dessas pessoas.

Somando a isso, temos o fato que fomos ensinados com vários “tem que fazer isso”, “não pode fazer aquilo” desde sempre. Poucas vezes em nossas vidas, ouvimos de nossos pais ou cuidadores frases como:

O que você deseja fazer hoje?
Qual é o seu sonho?
Como está se sentindo?

As regras para ter sucesso, prosperidade e felicidade parecem já estar pré-estabelecidas, cabendo a nós somente segui-las. Caso não dê certo, talvez a gente não tenha se esforçado o bastante e entramos em um ciclo infindável de busca por satisfação pessoal, considerando também que o conceito de esforço é muito valorizado em nossa sociedade.

Surge aí o chamado “efeito manada”, onde valorizamos o todo, mas não vemos o individuo no meio de tudo isso. Como exemplo, existe um provérbio português que diz:

"É melhor errar com muitos do que acertar sozinho."

Com essas crenças, muitas vezes limitantes, vamos vivendo e sentindo o peso de certas escolhas em nossas vidas, pagando um alto custo emocional para nos sentirmos normais, com a grande consequência de não nos destacarmos em nada para não destoar do grupo em que estamos inseridos, para não arriscar, para ficar na zona de conforto, que com certeza, poderia ser melhor descrita como zona de desconforto.

Pierre Weil, Jean-Yves Leloup e Roberto Crema cunharam o termo Normose como sendo a patologia da normalidade e vão a fundo na exploração do tema no livro de mesmo nome.

A característica comum a todas as formas de normose é seu caráter automático e inconsciente, uma forma de alienação, já que se trata de simplesmente seguir o consenso da maioria, porque se a maioria acredita, é porque deve estar certo. O desejo individual é totalmente abstraído, nos impedindo de nos tornarmos quem realmente somos.

As primeiras consequências que poderíamos notar são o desenvolvimento de ansiedade, angustia, irritação, insatisfação, sintomas de depressão, entre inúmeros outras. O número de pessoas consumindo antidepressivos, ansiolíticos, desenvolvendo gastrite e úlceras nos traz uma ideia das formas como nosso corpo pode reagir a esse desrespeito nosso pela nossa própria individualidade. Remédios para nos manterem acordados e em funcionamento, remédios para nos fazerem dormir vão nos dando a ilusão que está tudo bem.

Em toda a sua vida dedicada a exploração da psique humana, Jung já nos dizia sobre a importância do processo de individuação para a nossa plenitude. Joseph Campbell traz que “Nós não nascemos humanos, nós nos tornamos humanos. ” E esse caminho é feito degrau a degrau, passo a passo, quando assumimos as rédeas da nossa vida e saímos do falso conforto e da ilusória segurança dos trilhos onde a maioria já passou e ainda continua passando.

O caminhar pelos conhecidos trilhos deve ser substituído pela busca de novas trilhas, lugares onde talvez ninguém tenha passado ainda, encarando nossos medos e aflições, mas seguindo nossa intuição, nossos desejos, nossas inclinações. Tudo que está presente hoje foi inventado por seres humanos como nós, logo também somos capazes de inventar o novo, não temos que nos limitar ao que já foi inventado.

Roberto Crema nos diz:

“Precisamos amadurecer para o desafio da ousadia, ousar transparecer, ousar ser. É tempo de conspirar pela nobreza e inteireza do projeto humano.”

E para isso, o primeiro passo é sair do estado de adormecimento, sair do automatismo. Despertar!

Despertar para o caminhar, com a consciência de que o caminho é feito pelo caminhante. Sabendo que o maior risco seria não partir e sabendo que somente nós mesmos podemos nos impedir ou podemos nos levar ao novo, à busca do verdadeiro, ao encontro da nossa essência, da nossa vocação, da nossa missão.

Temos pleno potencial de sairmos da normalidade e buscar nossa real felicidade.

E você? Quão autêntico está sendo consigo mesmo?

Te escuto!

Elaine Trannin, Master Coach

coach@elainetrannin.com

www.facebook.com/coachelainetrannin/

Atendimento presencial e online. Agente sua primeira sessão gratuitamente.

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