Relatório Econômico Semanal: 28.10.24
RETROSPECTIVA
Na pauta dos principais acontecimentos da última semana, o Livro Bege, do FED, um documento que demonstra a leitura econômica dos distritos em que o FED atua, sinalizou poucas alterações significativas desde setembro até o momento, com o mercado de trabalho tendo apresentado leve melhora enquanto a inflação aponta para continua e moderada redução em direção à meta de 2%.
O documento detalhou que a maior parte dos distritos reportaram que as novas contratações estão se direcionando para a substituição e reposição de profissionais e não mais para expansão de equipes, o que sugere uma diminuição da atividade do mercado de trabalho na margem.
A inflação continua a reduzir, mesmo que passando por solavancos, e alguns distritos reportaram uma compressão da margem de lucro de algumas companhias por estas não repassaram um aumento de custo para os clientes.
Com a conjuntura desenhada, o mercado compreende que o cenário de pouso suave se mostra mais provável. Vale lembrar que o pouso suave se caracteriza por uma redução da inflação sem comprometer a atividade econômica, em especial, o mercado de trabalho.
Ainda nos Estados Unidos, o índice composto do PMI, que possui a capacidade de sinalizar a temperatura dos setores manufatureiros e de serviços, apontou elevação para 54,3 pontos em outubro, acima do esperado. Enquanto o setor industrial continua em queda (47,8 pontos em outubro), o setor de serviços permanece em expansão (55,3 pontos em outubro).
Na Europa, o mesmo indicador apontou para mais um mês de fragilidade nas expectativas dos gerentes de grandes empresas dos setores industriais e de serviços. O PMI industrial fechou em 45,9 pontos em outubro, enquanto o PMI de serviços foi pouco melhor, apontando para uma modesta expansão em 51,2 pontos no mês. A síntese, pelo PMI composto, foi de 49,70 pontos, em retração.
Já na agenda econômica brasileira, o principal acontecimento se deu pelo IPCA-15 de outubro que fechou consideravelmente acima do esperado por conta da alta da energia elétrica domiciliar que subiu mais de 5%. A leitura da prévia do IPCA de outubro foi de 0,54%, forte aceleração frente aos 0,13% do mês passado.
PERSPECTIVAS
Ao longo da semana, a agenda está tomada por divulgações no exterior. Nos Estados Unidos, a semana contará com a divulgação de dados de emprego, com o relatório JOLTS na terça feira, ADP na quarta, e o relatório de emprego na sexta feira.
Ainda nos Estados Unidos, teremos a divulgação do PCE de outubro na quarta-feira, o principal indicador de inflação observado pelo FED, além da leitura do PIB do 3° trimestre também dos Estados Unidos.
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Na Europa, também teremos a divulgação do PIB do 3° trimestre na quarta feira, e a inflação ao consumidor medido pelo CPI na quinta feira. Já no Brasil, o principal acontecimento será o CAGED, do mercado de trabalho e o IGP-M na quarta feira, e o dado de produção industrial na sexta feira. Além disso tudo, estamos passando pela temporada de balanços no Brasil e no exterior.
Com a recente abertura da curva de juros e com as incertezas marcando o cenário externo, recomendamos reduzir a duration da carteira. Tudo isso provocou uma grande volatilidade nos IMAs, principalmente na ponta mais longa. Por isso, recomendamos reduzir gradualmente a exposição em Fundos IMA-B 5+, que tem em sua carteira NTN-Bs com prazos acima de 5 anos e podem sofrer mais com essa recente volatilidade. Ainda no Longo Prazo, recomendamos manter em 10% em fundos deste segmento, de preferência diversificar entre IMA-B e IMA-Geral.
Adicionalmente, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos em fundos de Gestão Duration, aproveitando a estratégia de gestão ativa oferecida por esse segmento. Com o ciclo de queda da Selic, fundos de renda fixa passivos terão mais dificuldades de obterem rentabilidade superior a meta de rentabilidade do RPPS, por isso, os fundos de gestão ativa podem apresentar alternativas atrativas para isso.
Para um horizonte de médio prazo, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos para fundos deste segmento. É importante diversificar dentro do índice, tendo uma exposição índices pós-fixados, como o IDKA IPCA 2A e o IMA-B 5, atrelados a inflação. Além disso, neste cenário de queda na taxa de juros, é aconselhável uma entrada gradativa no IRF-M e no IRF-M 1+, que são índices pré-fixados, sendo importante agir com cautela devido à volatilidade desse indicador. Uma estratégia gradual permitirá aproveitar possíveis oportunidades e minimizar riscos em um ambiente de juros em declínio.
Quanto à exposição de curto prazo, sugerimos aumentar a exposição neste segmento, principalmente fundos CDI. Com as recentes alterações no cenário econômio, recomentamos uma exposição de 15% neste segmento. A Selic terminal para 2024 é prevista para 10%, mantendo uma taxa de investimentos atrativa para o RPPS.
Para diversificar a carteira, é aconselhável adquirir também títulos privados, principalmente as letras financeiras, até atingir uma alocação de 15%. As letras financeiras oferecem taxas que superam, em sua maioria, as metas atuariais dos RPPS e com prazos de até 10 anos, oferecem alternativas atrativas para diversificação de carteira. Além disso, o congelamento do prêmio, como muitas vezes é feito com taxas prefixadas e atreladas a inflação dentro das LFs, é recomendado em ciclos de queda de juros.
Após a inflação mostrar ser mais resiliente quanto o esperado, o Fed mudou sua comunicação, mostrando ressalva em cortar os juros mais cedo. A expectativa do mercado, que já foi de até sete cortes no ano, agora é de 1 a 2 cortes, com o primeiro deles em setembro. Além disso, a nova resolução de fundos de investimentos, CVM 175, trouxe novas regras para fundos no exterior que ainda não foram adaptadas pela Resolução 4.96321. Por isso, recomendamos cautela para fundos de investimento no exterior, tanto em Renda Fixa como fundos de ações ou multimercado exterior.
Quanto aos fundos de ações relacionados à economia doméstica, mantemos nossa recomendação de 20% de exposição. Por mais que a bolsa de valores tenha mostrado certa volatilidade neste ano de 2024, a expectativa ainda é de alta para os próximos meses, na medida que as principais economias do mundo devem começar o processo de queda de juros, aumentando a demanda por ativos de risco. Sugere-se entrar no mercado de forma gradual, aproveitando oportunidades na bolsa de valores para construir um preço médio mais favorável.
Em relação aos Fundos Multimercado e Fundos de Investimento Imobiliários (FII), recomendamos manter a exposição em 5%. O setor imobiliário é um setor que se beneficia da queda dos juros pois são muito dependentes de financiamento.
Diversificar a carteira de investimentos com essas opções pode ser uma abordagem equilibrada para os RPPS, permitindo obter retornos e ter proteção contra cenários adversos, sempre alinhados com as metas de rentabilidade estabelecidas. Para investidores que enxergam oportunidades de adquirir ativos a preços mais baixos, é importante estar respaldado para a tomada de decisão. Atenciosamente,