Relatório Econômico Semanal: 04.11.2024
RETROSPECTIVA
Na bateria de resultados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, apesar da robustez, a tendencia se mostra de clara desaceleração por conta de dados de períodos anteriores serem revisados para baixo, e pelo dado mais recente que veio expressivamente abaixo das expectativas.
O Nonfarm Payroll, que informa o número de postos de trabalho criados, reportou apenas 12 mil empregos gerados em outubro, bastante abaixo dos 223 mil do mês anterior, e bem abaixo da projeção de 113 mil.
Já o relatório JOLTS, que traz as vagas em aberto, informou um número também menor que o mês anterior (7.9 milhões), em 7.4 milhões no mês de outubro.
Em setembro, o principal índice de inflação olhado pelo FED, o PCE, veio em linha com o esperado em 0,2% de variação no mês. Na janela anual a variação foi de 2,1%, também em linha com as expectativas. A leitura do PIB do 3° trimestre veio em 2,8% em comparação com o mesmo período do ano passado, reforçando a resiliência da economia americana.
Na Europa, a atividade segue fragilizada. A primeira leitura do PIB do 3° trimestre foi de 0,4% em comparação com o trimestre do ano anterior, ainda pressionado pelos reflexos da política monetária restritiva e pelo custo mais elevado de energia.
O índice de preços ao consumidor, CPI, de outubro foi de 0,3%. Na variação anual, a alta é de 2%. Este cenário no continente europeu reforça as expectativas de mais um corte de juros na próxima reunião do Banco Central Europeu.
PERSPECTIVAS
Na agenda econômica global, o maior evento será a eleição para presidente nos Estados Unidos, em que por conta da polaridade, a volatilidade no curto prazo é esperada. Ainda nos Estados Unidos, teremos reunião de política monetária para decisão de juros na quinta feira, em que o mercado espera mais um corte de 25 pontos base.
No Brasil, teremos a reunião do COPOM em que será decidido o rumo de política monetária, na quarta-feira. O mercado espera mais uma elevação de 50 pontos base. Na sexta feira, teremos a divulgação do IPCA de outubro.
Na China, teremos a divulgação da leitura de inflação ao consumidor do mês de outubro.
Com a recente abertura da curva de juros e com as incertezas marcando o cenário externo, recomendamos reduzir a duration da carteira. Tudo isso provocou uma grande volatilidade nos IMAs, principalmente na ponta mais longa. Por isso, recomendamos reduzir gradualmente a exposição em Fundos IMA-B 5+, que tem em sua carteira NTN-Bs com prazos acima de 5 anos e podem sofrer mais com essa recente volatilidade. Ainda no Longo Prazo, recomendamos manter em 10% em fundos deste segmento, de preferência diversificar entre IMA-B e IMA-Geral.
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Adicionalmente, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos em fundos de Gestão Duration, aproveitando a estratégia de gestão ativa oferecida por esse segmento. Com o ciclo de queda da Selic, fundos de renda fixa passivos terão mais dificuldades de obterem rentabilidade superior a meta de rentabilidade do RPPS, por isso, os fundos de gestão ativa podem apresentar alternativas atrativas para isso.
Para um horizonte de médio prazo, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos para fundos deste segmento. É importante diversificar dentro do índice, tendo uma exposição índices pós-fixados, como o IDKA IPCA 2A e o IMA-B 5, atrelados a inflação. Além disso, neste cenário de queda na taxa de juros, é aconselhável uma entrada gradativa no IRF-M e no IRF-M 1+, que são índices pré-fixados, sendo importante agir com cautela devido à volatilidade desse indicador. Uma estratégia gradual permitirá aproveitar possíveis oportunidades e minimizar riscos em um ambiente de juros em declínio.
Quanto à exposição de curto prazo, sugerimos aumentar a exposição neste segmento, principalmente fundos CDI. Com as recentes alterações no cenário econômio, recomentamos uma exposição de 15% neste segmento. A Selic terminal para 2024 é prevista para 10%, mantendo uma taxa de investimentos atrativa para o RPPS.
Para diversificar a carteira, é aconselhável adquirir também títulos privados, principalmente as letras financeiras, até atingir uma alocação de 15%. As letras financeiras oferecem taxas que superam, em sua maioria, as metas atuariais dos RPPS e com prazos de até 10 anos, oferecem alternativas atrativas para diversificação de carteira. Além disso, o congelamento do prêmio, como muitas vezes é feito com taxas prefixadas e atreladas a inflação dentro das LFs, é recomendado em ciclos de queda de juros.
Após a inflação mostrar ser mais resiliente quanto o esperado, o Fed mudou sua comunicação, mostrando ressalva em cortar os juros mais cedo. A expectativa do mercado, que já foi de até sete cortes no ano, agora é de 1 a 2 cortes, com o primeiro deles em setembro. Além disso, a nova resolução de fundos de investimentos, CVM 175, trouxe novas regras para fundos no exterior que ainda não foram adaptadas pela Resolução 4.96321. Por isso, recomendamos cautela para fundos de investimento no exterior, tanto em Renda Fixa como fundos de ações ou multimercado exterior.
Quanto aos fundos de ações relacionados à economia doméstica, mantemos nossa recomendação de 20% de exposição. Por mais que a bolsa de valores tenha mostrado certa volatilidade neste ano de 2024, a expectativa ainda é de alta para os próximos meses, na medida que as principais economias do mundo devem começar o processo de queda de juros, aumentando a demanda por ativos de risco. Sugere-se entrar no mercado de forma gradual, aproveitando oportunidades na bolsa de valores para construir um preço médio mais favorável.
Em relação aos Fundos Multimercado e Fundos de Investimento Imobiliários (FII), recomendamos manter a exposição em 5%. O setor imobiliário é um setor que se beneficia da queda dos juros pois são muito dependentes de financiamento.
Diversificar a carteira de investimentos com essas opções pode ser uma abordagem equilibrada para os RPPS, permitindo obter retornos e ter proteção contra cenários adversos, sempre alinhados com as metas de rentabilidade estabelecidas. Para investidores que enxergam oportunidades de adquirir ativos a preços mais baixos, é importante estar respaldado para a tomada de decisão.
Atenciosamente,