Selloff externo & fiscal pressionam Ibovespa
As bolsas globais enfrentam uma extensão da onda de vendas, influenciados pela perspectiva de manutenção de taxas de juros elevadas por um período prolongado na economia americana, surpresa positiva da atividade econômica na China e a iminência de uma resposta militar de Israel. Neste contexto, as bolsas europeias registraram quedas significativas logo no início do pregão desta terça-feira, refletindo as preocupações com os recentes ataques iranianos a alvos israelenses.
Nos mercados asiáticos, o índice Hang Seng despencou 351,4 pontos ou 2,12%, fechando em uma baixa de mais de cinco semanas, após recuar pela quarta sessão consecutiva em resposta à queda na Wall Street na segunda-feira, devido às crescentes tensões no Oriente Médio e aos robustos dados de vendas no varejo dos EUA que intensificaram receios sobre a persistência inflacionária. Na China, um conjunto de novos dados indicou que a recuperação do país permaneceu irregular, uma vez que os números do PIB do primeiro trimestre e os investimentos fixos superaram as previsões, porém as vendas no varejo e a produção industrial ficaram aquém do consenso. Além disso, a agência de estatísticas do país alertou que as bases para uma economia estável ainda são frágeis face aos crescentes ventos contrários do exterior. Todos os setores pressionaram o índice para baixo, com o tecnológico despencando mais de 3%, seguindo o movimento de suas contrapartes nos EUA. O setor imobiliário caiu mais de 1,5%, à medida que os preços de novas residências na China registraram a maior queda em quase nove anos no último mês.
No Brasil, a Vale enfrenta possíveis reações adversas decorrentes da desvalorização recente do minério de ferro, à medida que se aproxima a divulgação de seu relatório de produção. A Moody’s destacou incertezas envolvendo a mineradora e outras grandes corporações. No mercado cambial, o real testou a marca de R$ 5,20 e os juros futuros tiveram alta expressiva ontem após o governo revisar a meta fiscal para 2025 para um superávit primário zero. A agenda econômica doméstica contempla as expectativas do relatório Focus, que podem ser influenciadas pelas recentes variações cambiais e fiscais, além de um leilão do Tesouro e o índice de preços IGP-10. No âmbito da política monetária, existe uma divisão no Banco Central quanto à possibilidade de um corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, segundo Le Grazie, ex-diretor do BCB. Ele enfatiza que falhar em atender às expectativas previamente sinalizadas em maio prejudicaria a credibilidade da instituição. Grazie atribui as recentes turbulências majoritariamente ao agravamento do cenário internacional, mas aponta que a decisão governamental de adotar uma meta de superávit primário zero na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 exacerbou a situação. Segundo ele, “em um dia como o de ontem, as adversidades se acumulam, o panorama global deteriora-se e o Brasil mostra-se mais complacente”.
No mercado cambial, o dólar avança frente às principais moedas nesta terça-feira, estendendo os lucros de ontem e alcançando novas máximas em quase 34 anos contra o iene, impulsionado pela tensão crescente entre Irã e Israel e pela expectativa em relação a importantes indicadores econômicos da Europa e dos Estados Unidos, além de pronunciamentos de líderes dos principais bancos centrais, incluindo os presidentes do Federal Reserve (Fed) e do Banco da Inglaterra (BoE). Pela manhã, o euro descia para US$ 1,0620, enquanto a libra diminuía para US$ 1,2436. Em relação ao iene, o dólar fortalecia-se, atingindo 154,41 ienes, e chegou a marcar 154,60 ienes, o valor mais alto desde meados de 1990. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra um cesto de seis moedas relevantes, registrou um leve incremento de 0,07%, marcando 106,28 pontos.
No âmbito das commodities, o minério de ferro registrou uma queda significativa de mais de 2,5% em Singapura, refletindo a redução na produção de aço na China, que alcançou pouco mais de 88 milhões de toneladas em março, representando uma queda de quase 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Simultaneamente, os futuros do petróleo Brent recuaram abaixo dos $90 por barril por duas sessões consecutivas, em meio à expectativa de uma resposta israelense ao recente ataque iraniano. Líderes militares israelenses enfatizaram a necessidade de retaliação, enquanto autoridades europeias e americanas apelaram por prudência. A atenção se volta agora para a natureza e o momento da resposta de Israel. Nações ocidentais e árabes aconselham o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu a evitar uma reação severa, alertando sobre os potenciais danos aos interesses de Israel. O Oriente Médio é responsável por um terço do suprimento global de petróleo, com o Irã como um produtor chave da OPEP, produzindo mais de 3 milhões de barris diariamente.
Agenda Brasil
08:00 – Brasil – IGP-10 Inflação FGV M/M (Abr); Proj: -0,20% (Anterior: -0,17%)
08:00 – Brasil – IPC-S IPC FGV (Abr 15) – (Anterior: 0,18%)
08:25 – Brasil – Relatório Focus (Abr 12)
11:30 – Brasil – Leilão de NTN-B e LFT
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Agenda Internacional
06:00 – Alemanha – Pesquisa ZEW (Expectativas) (Abr); Proj: 35,5 (Anterior: 31,7)
06:00 – Alemanha – Pesquisa ZEW Situação atual (Abr); Proj: -76 (Anterior: -80,5)
09:30 – EUA – Construção de casas novas (Mar); Proj: 1484k (Anterior: 1.521k)
09:30 – EUA – Licenças p/construção (Mar); Proj: 1510k (Anterior: 1518k)
10:15 – EUA – Produção industrial M/M (Mar); Proj: 0,4% (Anterior: 0,1%)
10:15 – EUA – Utilização da capacidade (Mar); Proj: 78,5% (Anterior: 78,3%)
20:50 – Japão – Balança comercial (Mar); Proj: ¥345,5b (Anterior: -¥379,4b)
20:50 – Japão – Exportações A/A (Mar); Proj: 7,0% (Anterior: 7,8%)
20:50 – Japão – Importações A/A (Mar); Proj: -5,1% (Anterior: 0,5%)