Times remotos e o entrosamento: a história do escanteio
Programar deixou cada vez mais de ser uma atividade daquele estereótipo de cientista maluco que passa noites sem dormir, trabalha sozinho e como em um momento de mágica tudo fica pronto e lindo (ou o contrário: explode e dá tudo errado).
Programar já é um esporte coletivo (faz tempo inclusive e principalmente para produtos).
Um depende do outro, um espera o melhor do outro, um ajuda o outro, um cobra do outro e um cresce com a melhora dos outros. Simples assim.
Mas o modelo remoto trouxe uma nova realidade e que é necessário um entendimento ainda melhor de todos que estão envolvidos no processo de criação de softwares: a confiança.
Imaginando o escanteio
Fico imaginando o Neymar cobrando este escanteio e o que se passa na cabeça do pessoal lá dentro e fora da área.
O time que está atacando já sabe o que o Neymar vai fazer pelos sinais? A depender da batida eles já sabem onde a bola vai ou em quem? Como fazer para desviar a atenção de um marcador e deixar "o cara" livre no momento que a bola chegar? Quem vai ficar na sobra? Qual é o momento certo de bater em retirada e refazer a marcação?
Já o time que defende tem que definir uma estratégia, um precisa cobrar do outro a marcação individual ou do setor que pretendem fazer a cobertura. Se um errar pode ser um gol. Se sair um gol, independentemente de quem errou, todos terão de correr atrás e também sofrerão com o resultado caso seja negativo. É melhor então ter atenção redobrada e deixar tudo conforme treinado e esperado.
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A confiança no escanteio e o modelo remoto
No final das contas, o escanteio seja para quem ataca ou para quem defende é envolvido por muito treino, muita experiência, um pouco de instinto e muita confiança no time. Não é a confiança em você, é a confiança nos outros e o seu comprometimento em manter isso dentro do esperado.
O modelo remoto está exigindo muito mais confiança e entrosamento dos times de tecnologia do que antes e disso acredito sobre isso não restam dúvidas.
E enquanto o desafio está aí para ser superado muitos tentam voltar ao modelo intermediário (híbrido) ou mesmo voltar para o presencial. É uma estratégia.
Times que não confiam no goleiro fazem o possível pra impedir qualquer chute de meia distância porque querem evitar ao máximo chutes ao gol. Já vi isso em várias partidas de futebol. Atacante que perde 3 gols geralmente deixa de ser a primeira opção de passe no restante do jogo. Confiança é tudo.
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Eu, pensando aqui e refletindo muito, prefiro ajustar o time ao modelo de jogo que nos favorece e o remoto é um modelo que nos favorece muito (por sermos empresas de tecnologia) mas precisa ter muita confiança. Isso envolve dar mais confiança e envolve também confiar.
O time confia no cobrador do escanteio. E uma vez batida a cobrança, do jeito que a bola vier, o time vai trabalhar para alcançar seu resultado confiando uns nos outros.