Você está prestando atenção?
Elaine Trannin

Você está prestando atenção?

A base desse artigo é o trabalho do Psicólogo de Harvard, Daniel Goleman, que há anos, vem se dedicando ao tema da Inteligência Emocional, sendo considerado o principal responsável por difundir seus conceitos.

De acordo com suas pesquisas, quando estamos lendo um texto, ficamos distraídos cerca de 40% do tempo, o que acaba comprometendo o quanto assimilamos das informações disponíveis, apesar de termos dedicado nosso precioso tempo àquele aprendizado, mesmo que informal.

No momento atual que vivemos, com a tecnologia nos apresentando cada vez mais opções de “distração”, esse exercício da atenção se torna cada vez mais desafiador e ao mesmo tempo, necessário. No inicio dessa década, estimava-se que um adolescente médio norte americano já recebia mais de cem mensagens de texto por dia. Considerando que nossos circuitos emocional e social são moldados por meio do contato e interação com as pessoas diariamente, quanto menos contato tivermos, maior o déficit que podemos ter nesses circuitos cerebrais, causando um empobrecimento da nossa atenção.

Uma executiva de contas de uma rede de rádio no México compartilhou que há alguns anos atrás, preparava vídeos de 5 minutos para apresentar as agências de publicidade. Hoje, tem que se limitar a no máximo 1 minuto e meio para que as pessoas não se distraiam no meio da apresentação e comecem a checar seus celulares.

A incapacidade de focar em algo pode causar um ciclo de ansiedade crônica em nossa mente que fica tentando manter o foco em tudo ao mesmo tempo e acaba não conseguindo. Nosso cérebro tem a capacidade de focar em um único ponto a cada instante e portanto, ele não é multitarefa, como nossa sociedade moderna nos levou a acreditar. Por outro lado, quem consegue manter o foco, é relativamente imune a turbulências emocionais e tem mais capacidade de se manter calmo durante uma crise, por exemplo.

Segundo Goleman, para vivermos bem, deveríamos ter domínio de basicamente três tipos de foco:

1.    Foco interno: nos coloca em sintonia com nossas intuições, valores e decisões

2.    Foco no outro: facilita nossos relacionamentos

3.    Foco no ambiente: nos ajuda a navegar pela vida e pelo mundo

Tendo isso em mente, a boa noticia que nos traz a neurociência é que a atenção e o foco são músculos que podem ser exercitados de forma a ficarem cada vez melhores e se expandirem.

Começando pelo foco interno, sabemos hoje que nossas reações fisiológicas mais sutis refletem toda nossa experiência e são a base para nossas decisões. Nosso cérebro armazena nosso mais profundo senso de propósito e sentido da vida em áreas ligadas a nossa intuição. A autoconsciência desempenha um importante papel nesse sentido e faz a diferença entre uma vida bem vivida e outra com hesitações e dúvidas.

Uma forma de medir nossa autoconsciência é por meio do quanto somos capazes de perceber as batidas de nosso coração. Nossa intuição melhora à medida que somos capazes de ler as mensagens internas de todo o nosso sistema e de entender o que nossas emoções estão nos dizendo. Se a atitude ou decisão “caiu bem”, podemos confiar que estamos no caminho certo. Se houve algum incômodo, melhor ficar alerta porque podemos estar agindo em desacordo com nosso leme interno.

Em seu famoso discurso em Stanford, Steve Jobs aconselhou:

“Não deixe as vozes das opiniões dos outros afogarem sua voz interior. E, mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. De alguma forma, eles já sabem o que você realmente quer se tornar. “

Para trabalhar nosso foco no outro, primeiramente devemos perceber que antes de qualquer comunicação verbal, nosso inconsciente está constantemente fazendo leituras e atribuindo significados aos sinais vindo das pessoas com quem nos relacionamos. Essas mensagens escondidas têm impactos poderosos nas nossas relações, sem que ao menos a gente perceba sua influência.

Para criar conexões e foco no outro, temos três tipos de empatia: cognitiva, emocional e preocupação empática. A empatia cognitiva nos permite pensar como o outro está pensando, assumindo sua perspectiva e compreendendo sua mente. A empatia emocional nos habilita a sentir o que a outra pessoa está sentindo, nos unindo a ela. E a preocupação empática nos faz nos preocupar realmente com a outra pessoa, nos mobilizando a ajuda-la se for necessário. Para exercermos empatia, precisamos ter autoconsciência porque só conseguimos ler os outros, após lermos e entendermos a nós mesmos.

O foco no ambiente envolve o entendimento de que tudo é um sistema, e que sistema pode ser interpretado como um conjunto de padrões válidos e coesos. Para entender como funcionam os sistemas, temos que empregar um certo esforço e usar nossa capacidade cerebral do neocórtex nessa aprendizagem, diferentemente da autoconsciência e da empatia que aprendemos de forma mais natural.

Antigos navegadores polinésios, por exemplo, eram capazes de navegar milhares de quilômetros entre uma ilha e outra, em uma canoa, usando simplesmente a sabedoria de interpretar pistas sutis como a temperatura e a salinidade da água do mar, destroços de naufrágios, detritos vegetais, padrão de voo das aves, o calor, a velocidade e a direção dos ventos, as ondas do oceano e as estrelas no céu a noite. A medida que sistemas de navegação foram sendo desenvolvidos tais como bússolas, guias de navegação e mapas online, essa sabedoria foi se perdendo naturalmente, assim como tantas outras que possuíamos. Os primitivos prosperavam ou morriam dependendo da sua habilidade em antecipar mudanças climáticas, identificar o momento de plantar, de colher, de mudar, entre outros. Hoje, simplesmente usamos o calendário como guia. Nosso foco se estreitou e não conseguimos mais ter a percepção do todo.

Se pensarmos na questão do aquecimento global, não há nada em um típico dia de verão que nos diga que o planeta está superaquecendo. Quando comemos uma sobremesa cheia de açúcar, não recebemos uma mensagem de alerta nos dizendo que iremos viver 3 anos a menos se continuarmos com hábitos como esse. Não notamos o que não vemos claramente e a dimensão do tempo acaba sendo um grande problema.

Por outro lado, a tecnologia pode nos salvar de nós mesmos, se usarmos os recursos protegendo os principais sistemas que dão suporte à vida no planeta. Lembrando que as emoções dirigem nossa atenção e a atenção foge do que é desagradável, se quisermos promover mudanças, temos que focar no resultado positivo da mudança e não nas ameaças negativas caso a mudança não seja feita. Quando somos motivados por emoções positivas, o que fazemos parece mais importante e a necessidade de agir dura mais tempo.

Segundo Richard Boyatzis,

“Precisamos do foco negativo para sobreviver, mas de um foco positivo para prosperar.”

Como uma referencia para o equilibro entre esses dois focos, Marcial Losada e sua equipe determinaram que as pessoas mais competentes e as que mais prosperavam na vida tinham em torno de 3 sentimentos bons para cada sentimento ruim.

E assim como quando treinamos os músculos na musculação, precisamos treinar nossa mente para manter o foco. Sempre que divagarmos, precisamos voltar a focar e quanto mais treinarmos nesse exercício, mais forte ficará nossa capacidade de manter o foco no que nos interessa realmente: foco em nós mesmos, foco no outro e foco no ambiente.

E você? Como está sua habilidade de colocar sua atenção onde deseja?

Te escuto!

Elaine Trannin, Master Coach

coach@elainetrannin.com

www.facebook.com/coachelainetrannin/

Atendimento presencial e online. Agente sua primeira sessão gratuitamente.

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