De certa forma é nossa primeira vez, né?

Há um tempo cruzei com uma frase que simplesmente grudou na minha cabeça. Não lembro exatamente palavra por palavra, mas ela basicamente dizia que, de certa forma, estamos vivendo pela primeira vez.

Talvez você acredite em reencarnação. Talvez não acredite em nada. Fato é que, mesmo se já tiver vivido no mundo um milhão de vezes, você não se lembra de nada dessas potenciais vidas passadas. E mesmo que esteja carregando consigo uma grande bagagem de comportamentos, crenças e hábitos, ainda assim é como se estivesse vivendo tudo pela primeira vez.

E isso muda tudo.

Vira e mexe essa frase aparece na minha cabeça, mas dessa vez ela realmente me pegou.

Vivemos nossos dias com muito medo. Temos receio de pedir um aumento no trabalho, de conversar com nossos líderes de forma franca, de chamar alguém pra sair ou de contar pra um amigo que você pensou nele durante o dia. Deixamos de criar projetos novos, de explorar uma atividade diferente ou até de conhecer um lugar que acabou de abrir por falta de companhia.

Também perdoamos muito pouco os outros por não saberem muito bem o que estão fazendo. Cobramos que todo mundo saiba se comportar da maneira correta e temos momentos difíceis com nós mesmos também.

Mesmo diante de uma sabedoria escancaradamente ilusória, vivemos como se soubéssemos piamente o que nós e os outros deveriam fazer para ter uma boa vida. Julgamos as pessoas o tempo todo, temos uma paciência minúscula com aquilo que nos incomoda e culpamos demais.

Fato é que de um jeito ou de outro ninguém sabe exatamente o que está fazendo. Tudo o que temos somos nossas experiências passadas, mas nem elas parecem suficientes para termos um conhecimento pleno de algo tão rico e complexo como a vida.

Parei pra pensar que os momentos mais incríveis da minha vida foram aqueles em que vivi a mais pura energia do "eu não sei".

Quando perdoei alguém por não fazer ideia da complexidade dos seus pensamentos, quando chamei alguém que conheci há muitos anos pra um café sem saber se a pessoa aceitaria ou não, quando contei pra um amigo que sonhei com ele sem que isso pareça estranho, quando puxei uma conversa despretensiosa com aquela pessoa que parecia ter um interesse em comum comigo,