E se não existisse demissão?
Outro dia me deparei com uma daquelas matérias de portais que dão 5 dicas para demitir melhor. Não me lembro se o título era exatamente esse, mas era algo nessa linha. Ou seja, era sobre tentar tornar esse ritual menos traumático possível.
Eu me dei conta de que, desde que vivo o modelo do trabalho em rede, nunca mais precisei passar pela situação de demitir alguém. Ufa! Que alívio. Isso sempre foi algo que me causou sofrimento. Por mais que o ato aconteça depois de muita reflexão, ele sempre está associado ao conceito de exclusão.
E isso mexe com a autoestima de quem está sendo desligado. Não dá para negar que o sentimento de injustiça paira no ar, por mais feedbacks que tenham sido dados. Afinal, estamos falando do fim de um relacionamento. Sim, comercial, porém, um relacionamento.
O mundo corporativo como pano de fundo faz parecer que se trata do cancelamento de um crachá. No entanto, o enredo termina com uma pessoa triste, desapontada e se questionando sobre “onde foi que eu errei?“. E sabemos que, algumas vezes, o erro não foi de um só. Quase sempre tem algum bastidor por traz de uma demissão.
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No esquema de trabalho com relações horizontais e colaborativas, não há situações por trás das cortinas. Nesse modelo, o grupo se organiza. Já vivi experiência do grupo alterar uma parte do escopo do trabalho para que um dos colegas pudesse permanecer no projeto. Com isso, além de manter o parceiro no time, conseguimos fazer uma entrega extra para o cliente.
Quando a colaboração é um pilar, de fato, quem não pode colaborar naquele momento já se recolhe para a coxia e fica de prontidão para voltar ao palco, assim que surge uma nova oportunidade de trabalho. E ainda tem quem contribua com a prospecção de novos projetos para a rede, de forma a gerar mais demanda para si e os demais.
Também acontece de o profissional chegar na rede e não se adaptar a tanta autonomia. Nesses casos, ele próprio faz o movimento de saída. E não é incomum que ele saia e já indique alguém para cobri-lo. Porque, afinal, o fato dele preferir um sistema de trabalho mais tradicional, digamos, não significa que não esteja comprometido com as questões da rede ou com o projeto no qual está alocado.
Essa semana mesmo tive outra situação interessante. Uma parceira da rede me apresentou a um amigo que tem um saber específico e que pode nos ajudar a inovar em algumas frentes. E ela fez isso contando que, juntos, conseguiremos formatar novos produtos para que, assim, todos tenham novas oportunidades de trabalho, em rede, ou seja, reunindo saberes.
É um processo fluido, orgânico. Ficar ou sair é uma escolha do profissional. E quem fica acaba, naturalmente, atuando em prol do coletivo, porque - de novo, reforço - o fazer junto é a essência da nossa cultura. É assim, nessa dinâmica, que estabelecemos conexões de confiança, ajuda e empatia.
O que experimentamos por aqui são chegadas e partidas, sempre acordadas numa via de mão dupla. E todos esses tempos e movimentos fazem parte de diálogos maduros e transparentes que permeiam nossas relações e o nosso dia a dia. Demissão? Não temos. Portanto, não acreditamos em dicas para demitir melhor.
Diretora na Multivias Comunicação
5 mO fato de não haver custo direto com a permanência de um profissional que não tem como contribuir tanto naquele momento realmente é um diferencial. No modelo tradicional de trabalho, no qual me insiro hoje, mtas vezes sinto vontade de tolerar mais coisas - e por mais tempo -, mas as contas chegam (principalmente relacionada ao pilar das pessoas) e o "sistema" precisa que aqui estejam aqueles que de fato possam contribuir naquela hora. O que me ajuda a "demitir melhor" é, de fato, dar feedbacks e tentar verdadeiramente ajudar no desenvolvimento. Quando percebo que o "querer" da pessoa não está na mesma proporção do meu, opto pela demissão. Se puder apontar um bônus dela, é de que já tive ex-colaborador que agradeceu, passado um tempo, pois o fato fez com que buscasse mais autoconhecimento e se transformasse num profissional melhor.
Senior Growth Expert @ GigRadar.io : Helping Clients Generate More Leads with AI Automation
5 mThays, seu artigo é muito interessante. Para alguém que já contratou e demitiu muitas pessoas e que de repente saiu de empresas, gostaria de compartilhar minha opinião. Acho que a sociedade tem acelerado tanto que não estamos tratando uns aos outros como seres humanos com compaixão ou paciência. No mundo dos negócios, não temos tempo a perder com dinheiro. Tempo é dinheiro. E treinar ou tolerar pessoas leva tempo. Paradoxalmente, as pessoas que querem trabalhar para empresas não querem ser criticadas e nem sempre fazem o seu melhor. Depois de 24 anos tentando contratar, motivar e criar mudanças positivas em produtoras, cheguei à conclusão na semana passada que queria desistir. Estava me deprimindo lidar com tantas pessoas em diferentes negócios. Hoje abraço a Inteligência Artificial e acho que trabalhar remotamente/sozinho pode tornar alguns de nós mais eficazes. Essa "grande renúncia" entre as gerações jovens e mais velhas criará novos problemas e soluções no mundo dos negócios moderno.