FINANÇAS PARA CONSELHOS – INTRODUÇÃO AO QUE É BÁSICO (OU DEVERIA SER).

O mundo, em constante processo de mudança, exige das empresas um olhar cada vez mais estratégico. A rapidez com que as mudanças no mercado e na forma de fazer negócios acontecem, exigem o desenvolvimento de táticas e estratégias flexíveis para enfrentar o cenário que muda de forma constante.

O mundo moderno é marcado pela imprevisibilidade e pela rápida mudança e transformação. Esse conceito ficou amplamente conhecido como V.U.C.A. que define o mundo como VOLÁTIL (Volatility), INCERTO (uncertainty), COMPLEXO (Complexity) e AMBÍGUO (Ambiguity).

VOLÁTIL significa a inconstância das situações, que podem mudar a qualquer momento. INCERTO se relaciona às incertezas e a inexistência, em muitos momentos, de previsibilidade. COMPLEXO porque os negócios podem ser impactados por ações e agentes externos de difícil compreensão. AMBÍGUO porque a complexidade de cenários pode levar a interpretar algum fato ou situação de forma equivocada.

Mais recentemente, ganhou força o conceito B.A.N.I. (BRITTLE – Frágil, ANXIOUS – Ansioso, NONLINEAR – Não Linear e INCOMPREHENSIBLE – Incompreensível). O mundo BANI aprofundou o conceito VUCA em função de questões ainda mais complexas para resolver, como as mudanças climáticas, crises políticas, guerras e o grande impacto da pandemia COVID-19. Todas essas mudanças impactando profundamente os resultados financeiros das empresas e em alguns casos a sua própria existência.

Nesse contexto a forma de atuação dos líderes das empresas precisa ser diferente do que já foi no passado. Ter pensamento estratégico se tornou uma competência essencial para conduzir os negócios.

O Pensamento estratégico se conecta diretamente com uma orientação para o futuro, saindo da análise meramente baseada no passado ou no presente. Está voltado para o potencial de retorno futuro ao invés da discussão focada nos problemas atuais ou passados.

O mesmo acontece com os conselhos de administração ou consultivo. É necessário um olhar que vai muito além de analisar os resultados do mês anterior. Não que isso não seja importante, mas não deve ser o foco de atuação do conselho.

É necessário, além de se manter atualizado, ter uma visão sistêmica do setor de atuação da empresa e da própria empresa em si.

Ter o conhecimento necessário de finanças, que contribua no aconselhamento para a tomada de decisões de negócios se torna essencial.

A tradicional análise custo x benefício deve agregar um outro componente essencial – o tempo (a agilidade). A análise custo x benefício x tempo (agilidade) é imprescindível para buscar identificar o que efetivamente agrega valor à empresa.

Nesse ambiente de negócios extremamente dinâmico e em constante processo de mudança, as empresas necessitam de conselheiros com sólida compreensão de informações financeiras e contábeis. Saber sobre gestão de fluxo de caixa, orçamento, capital de giro, ciclo operacional, ciclo financeiro entre outros aspectos de gestão financeira é importante, mas não o suficiente.

Saber fazer perguntas que gerem insights e desafiem os gestores a pensarem de forma estratégica e tomarem as melhores decisões, contribuirão de forma impactante na longevidade e sustentabilidade do negócio.

Perguntar sobre como os resultados aconteceram já não é suficiente. Perguntar sobre como os resultados futuros acontecerão em um mundo BANI, contribuindo na forma de pensar diferente é o papel de gerador de resultados esperado dos conselhos.

Marcelo Simonato, BOARD Farias Souza, BOARD Cida Hess Board Academy Br