Lições de Vida
As histórias de criação do Sr. José Carlos, meu pai.
Eu ando muito saudosa, mas isso me fez lembrar alguns bons episódios da minha infância. Eu considero que minha educação foi muito boa e acredito que se conseguir reproduzir pelo menos parte do que aprendi com os meus pais, meus futuros filhos estarão bem. Todos os dias tento lembrar do que aprendi e principalmente colocar em prática, alguns dias tenho mais sucesso que outros nessa empreitada, mas sigo consciente e tentando.
Alguns desses ensinamentos se transformaram em lições de vida que levo até hoje e que gostaria de compartilhar.
Meu pai achava que eu deveria ter uma educação ampla, não só da escola, mas também aprendesse um esporte, um instrumento musical e uma luta. E assim, lá fui eu, a luta eu deixei meio de lado, mas sempre curti esportes e música. Não me tornei uma exímia pianista e nem jogadora de handbal profissional, mas essas experiências me ajudaram muito ao longo da vida, desde saber competir, trabalhar em equipe, até ter uma visão holística, enfim, foram experiências muito boas.
Um ponto que me chamou atenção só mais recentemente, é que meu pai, nunca classificou o que era "coisa de menina" ou de "menino" e com isso, eu aprendi desde bolinha de gude, soltar pipa, até o famoso jazz. Lembro uma ocasião, que eu queria soltar pipa com os meninos e eles não deixaram. Era domingo, voltei para casa e estava bem chateada. Meu pai perguntou por que subi tão rápido, já que gostava de ficar brincando até minha mãe chamar. E contei que os meninos não estavam querendo que eu soltasse pipa com eles - e sim, só meninos soltavam pipa onde eu morava.
Meu pai então perguntou se eu mostrei a eles que eu sabia soltar pipa (realmente eu fazia isso bem, deixava a pipa bem alta). Eu disse que não me deixaram brincar, ele insistiu, mas você não mostrou o que sabia fazer? Eu disse que não. Ele não insistiu mais e passou a me distrair, para que eu não continuasse chateada com o ocorrido. Acho que ele percebeu que eu não tinha os recursos necessários, pelo menos não ainda, para lidar com aquele problema. Então, ele começou a me ensinar a fazer um aviãozinho, era um avião lindo e que segundo ele voaria bem alto, talvez até mais alto que uma pipa.
À essa altura eu nem lembrava mais o que tinha acontecido. E desta vez, ele desceu comigo, fomos testar o nosso novo brinquedo. E realmente o avião voou bem alto e tinha uma rabiola comprida e bem bonita que chamou muita atenção. Chamou atenção dos meninos e das meninas, todos queriam um também.
Eu comentei outro dia lembrando desse episódio, que nesse época, eu e meu pai, viramos os astros do bairro, rs. Todo mundo queria um avião e fizemos vários, sem distinção. Fizemos, ensinamos, e muita gente brincou junto até enjoar dessa fase. Lembro que foi muito divertido, as vezes até cansativo, mas sobretudo divertido e me senti muito confiante.
Esse episódio me ensinou várias coisas, por exemplo que não devemos deixar que os outros digam o que podemos ou não fazer, que uma boa estratégia pode ser mostrar o que sabe e tentar transformar as pessoas em aliados e que com confiança podemos ir longe.
Meu pai realmente acreditava no meu potencial. Ele achava que bastava me dedicar e que conseguiria o que quisesse, neste ponto estou falando dos estudos. Eu não tinha essa certeza não, mas não tinha alternativa e me restava estudar. Ele era bem rigoroso com os estudos e sempre acompanhava de perto. Nem sempre foi fácil.
Mas, para ele era simples, quer passar, estude! E foi sempre assim, então mesmo que a matéria fosse difícil e que naquela época eu pensasse "nunca vou aprender isso", ele continuava dizendo, basta você estudar e uma hora você vai aprender. Isso me ajudou muito, porque consolidava duas crenças importantes: uma é que é possível aprender qualquer tema e outra a importância de se dedicar ao que deseja.
Essas lembranças me fizeram ver como algumas das minhas crenças foram construídas e como me ajudaram ao longo da vida, mesmo tendo ocorrido na infância continuam presentes até hoje. Todos nós temos crenças potencializadoras e limitantes, quando essas crenças nos ajudam, nos impulsionam, constroem crenças potencializadoras, que podem ser amplamente usadas por nós. Mas, alguns medos e desapontamentos, podem desenvolver crenças limitantes. Essas nos travam, como o nome diz, limitam o nosso crescimento e desenvolvimento e por conta disso, devem ser ressignificadas. Algumas crenças também, que foram potencializadoras no passado, hoje podem ser limitantes e é preciso reconhecer essa mudança também e não se apegar.
Todos temos histórias, algumas boas outras nem tanto, o importante é acolher nossas experiências e reconhecer os aprendizados, sabendo que tudo o que aconteceu te fez chegar até aqui e por isso, foram importantes.
Um exercício que gosto de fazer é a linha do tempo, com acontecimentos relevantes da vida pessoal e profissional. Depois de colocar os pontos em ordem cronológica, observar e refletir sobre como eles impactaram a sua vida, quais crenças ajudaram a fortalecer. E principalmente, agradecer por tudo o que viveu.
Até a próxima!
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O texto de hoje é dedicado às vítimas de Brumadinho, minhas orações e vibrações de luz para todas as famílias e socorristas.