O SILÊNCIO SOCIAL E A OMISSÃO DA LEI NA VIOLÊNCIA AFETIVA MASCULINA

O SILÊNCIO SOCIAL E A OMISSÃO DA LEI NA VIOLÊNCIA AFETIVA MASCULINA

O contexto em que a mulher sempre é a vítima, não é uma asserção verdadeira. Há uma visão sexista, que põe a mulher sempre como a vítima, como vulnerável. Uma visão que carece ser reformulada pela sociedade.

Sim!. As mulheres também são violentas, ciumentas, homicidas, psicopatas. No entanto, ressalte-se,  que as penas são maiores quando se trata de feminicídio. Uma negligência do legislador, registre-se.

A violência doméstica sofrida por homens é um assunto muitas vezes negligenciado (eu mesma o fiz, no outro momento da escrita acerca do tema) ou subestimado na sociedade. Embora seja mais comum que as mulheres sejam vítimas desse tipo de agressão, é IMPORTANTE RECONHECER que os homens também podem e são afetados por essa forma de abuso. Embora menos discutida e menos frequente do que a violência doméstica contra mulheres,  A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA MASCULINA É UMA REALIDADE e afeta muitos homens em todo o mundo. É fato que há um despreparo dos órgãos públicos para enxergarem esse homem, também, como uma vítima.

A violência doméstica contra os homens pode assumir várias vertentes, incluindo violência física, verbal, emocional, sexual, financeira, controle excessivo a alienação parental* (quando ex-companheiras  "fazem uso" de seus filhos a título de barganha, ou ainda, vingança pessoal).  Esses homens podem sofrer lesões graves, problemas de ordem psicológica, isolamento social que os fazem se afastar de amigos, familiares e redes de apoio. 

No entanto, devido a estereótipos de gênero enraizados, expectativas culturais, o estigma de serem vistos como "fracos" ou "menos masculinos" por admitirem que estão sendo agredidos por sua companheira, levam esses homens a enfrentarem dificuldades adicionais para relatar e buscar ajuda.

Um dos principais desafios enfrentados pelos homens vítimas de violência doméstica é a falta de conscientização e apoio disponíveis. A sociedade perpetua a ideia de que os homens são sempre os agressores e que sua força física e poder econômico os tornam imunes à violência por parte das parceiras íntimas. Esse estereótipo pode fazer com que eles tenham vergonha, se sintam embaraçados ou até duvidem de si mesmos quando se encontram em uma situação de abuso. Sim! Creiam! Acontece!. E são desafios específicos.

Outro obstáculo é a escassez de recursos e serviços específicos para homens vítimas de agressão doméstica. Os abrigos e centros de apoio geralmente são projetados e possuem foco para atender às necessidades femininas, o que pode deixa-los com poucas opções de assistência e abrigo em situações de emergência. Além disso, muitos relutam em denunciar a violência devido ao medo de não serem levados a sério, não serem tratados com respeito devido, ou de enfrentar preconceitos por parte das próprias instituições e da sociedade como um todo.

Faz-se necessário que a sociedade aborde a violência doméstica contra os homens de maneira séria e inclusiva, pois ela é, de fato, real. Isso envolve educar e conscientizar sobre a existência desse problema, desafiando os estereótipos de gênero e fornecendo recursos adequados para os homens que sofrem abuso doméstico. As autoridades devem garantir que as denúncias sejam tratadas com sensibilidade, sem discriminação de gênero, e que serviços de apoio estejam disponíveis para todas as vítimas, afinal, violência é violência, independentemente do sexo.

A violência doméstica é algo sério, precisa ser combatida, seja ela sofrida por homens ou mulheres. Ambos os problemas são graves e merecem atenção. A abordagem adequada é promover a igualdade de gênero, proteger todas as vítimas e combater todas as formas de violência doméstica, independentemente do sexo.

Qualquer forma de violência é inaceitável e todas as vítimas merecem respeito, apoio e proteção. A Violência doméstica não é um assunto privado, mas sim uma questão social que precisa e deve ser abordada.

Mas uma vez, peço desculpas, se em algum momento me portei, ainda que em palavras, de forma insensível. Justo eu, que prego tanto a empatia. Como digo sempre, sou humana e sujeita a falhas, o tempo todo.

Por Meire Rodrigues


ADENDO

Vale ressaltar, que ao longo dos tempos, a instituição familiar passou por diversas modificações, refletindo as mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas. Há uma diversidade de arranjos familiares, incluindo famílias monoparentais, famílias reconstituídas, casais do mesmo sexo, famílias multigeracionais, entre tantas outras.

E, todo esse novo contexto, também deve ser abarcado por campanhas institucionais e políticas públicas que visem o combate a violência doméstica.

Todos têm o direito de viver em um ambiente seguro e livre de violência, em paz, na paz.


*ALIENAÇÃO PARENTAL

A alienação parental é um fenômeno que ocorre quando um dos pais ou cuidadores busca alienar ou afastar uma criança do outro genitor. Esse comportamento pode envolver a manipulação psicológica da criança, a difamação do genitor ausente e a obstrução do contato entre a criança e o outro pai/mãe. Trata-se de um problema sério, pois pode ter efeitos nocivos significativos na criança, no relacionamento com ambos os pais e em seu desenvolvimento emocional e psicológico. Cito alguns: prejuízo no vínculo afetivo, dificuldades de autoestima da criança, problemas de ajuste social, desenvolvimento de lealdades conflitantes, problemas emocionais e psicológicos.

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