Perspectiva Semanal do Congresso 31/10
Semana sem expectativa de movimentação do parlamento tendo como temáticas em observação a PEC 241 no Senado, algumas medidas do PPI e o posicionamento do Presidente do Senado Renan Calheiros perante a prisão dos policiais legislativos.
A PEC 241 concluiu sua votação na Câmara e para que se tenha celeridade na aprovação se faz necessário que o Senado aprove o texto sem alterações.
O PPI deve ao longo da semana apresentar alguns ajustes para atrair mais investidores estrangeiros para as obras de infraestrutura.
O estremecimento do presidente do Senado com o Poder judiciário deve dar o tom da semana influenciando as negociações das duas temáticas anteriores.
PEC teto dos gastos públicos
359 a 116 foi o resultado do segundo turno da PEC 241, sete a menos que no primeiro turno, mesmo com o esforço do governo não logrou êxito em crescer sua base.
Já se espera a aprovação no Senado da PEC o que traz como consequência a pressão do aumento do salário mínimo muito pesada para as contas públicas por causa dos benefícios previdenciários e assistenciais.
S&P está em visita ao Brasil, alimentando a expectativa de que perspectiva da nota de crédito do país seja alterada para estável (de negativa) ainda este ano. Tem tudo para acontecer se a PEC do Teto seguir avançando bem. Iniciada a tramitação no Senado.
Foram duas votações relativamente folgadas para o governo na Câmara. Houve uma queda nos votos do primeiro para o segundo turno, mas tal resultado já era esperado tendo em vista que alguns parlamentares estavam em viagem à Suíça.
Se tem como expectativa que a próxima votação venha ocorrer em 29/11 no Senado. O momento atual, no entanto, é turbulento dada a guerra suscitada pelo Presidente Renan Calheiros ao que ele chamou de “abusos do Judiciário”, depois dos últimos acontecimentos envolvendo a polícia do Senado.
Estrategicamente o governo deve buscar a consolidação de sua base no Senado assim como fez na Câmara. Para isso precisa aprovar o texto da PEC sem alterações para que não retorne à Câmara dos Deputados.
Assim os pontos de discussão devem focar nos eventuais impactos da PEC na Saúde e na Educação, além do prazo de efeitos da PEC ser de 20 anos.
Por fim, cabe salientar que os dados fiscais seguem ruins, a arrecadação e a dívida pública, todos de setembro, sinaliza deterioração. Este foi o pior resultado da história do indicador, a dívida pública cresceu em setembro chegando a R$ 3,04 trilhões.
O pior desempenho foi o da previdência o que nos deixa claro que a aprovação da PEC é apenas um preludio da reforma da previdência.
O governo começa a demonstrar alguns pontos da reforma da previdência como uma redução R$ 3,3 bi com os gastos com pensão por morte caso seja aprovada a divisão do valor do benéfico em 50% por cota familiar mais 10% por dependente e a desvinculação dos benefícios de prestação continuada e pensão por morte do salário mínimo.
PPI
Grandes grupos estão aguardando os leilões dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre.
Operadoras estrangeiras de aeroportos já não fazem segredo sobre o interesse nos ativos que o governo se prepara para colocar no balcão. Resta a oportunidade de resolver questões relativas aos aeroportos já concedidos que enfrentam problemas. Galeão, Confins e Viracopos.
Investidores estrangeiros acenam que só colocarão dinheiro nas concessões se estiverem protegidos do risco cambial.
Preocupações com a viabilidade econômica dos projetos licitados no governo Dilma. Espera-se um MP que possibilite a rescisão “amigável” dos contratos.
Renan Calheiros
Após a prisão de quatro policiais legislativos Renan sobe o tom das críticas a PF e ao Poder Judiciário. Gilmar Mendes levanta a suspeita da ilegalidade da operação considerado o fato que apenas o STF poderia autorizar operação no Senado. Ademais, eleva-se o potencial de crise institucional entre presidente do Senado e ministro da Justiça. Renan deve pressionar para a substituição do Ministro sob a ameaça de atrasar votações importantes no âmbito do ajuste fiscal.
Espera-se nesta semana o julgamento de ação que pode alijá-lo da presidência do Senado Federal. Reminiscência, aliás, da decisão que depôs Cunha da presidência da Câmara.
Tal tensão entre os poderes deve fortalecer o presidente do Senado o qual dispõe de controle da pauta de interesse do Executivo, cabe aguardar o movimento do STF que pode retirar esta vantagem do Renan Calheiros.