Relatório Econômico Semanal 25.03.24
RETROSPECTIVA
Na super quarta do dia 20 de março, o Federal Reserve manteve a taxa de juros inalterada entre 5,25% e 5,5%, decisão amplamente esperada pelo mercado. O destaque foi dado pela comunicação do comitê, o qual informou que o Fed projeta três cortes de juros em 2024. Powell afirmou que ainda são necessários mais dados de que a inflação está caminhando para a meta de 2% e que seguirão dependentes dos dados para decidir os próximos passos da política monetária norte-americana.
A semana teve a sua maior surpresa no Japão com uma decisão surpreendente por parte do Banco Central do Japão que fez a primeira elevação de taxa de juros em 17 anos e assim encerrando um ciclo de mais de meia década de juro negativo.
Ainda na quarta-feira, o Bacen, sob comando do Roberto Campos Neto, reduziu a taxa Selic em 0,5 p.p., levando a taxa aos 10,75%, conforme esperado. Em comunicado, o comitê afirma que a próxima reunião terá corte da mesma magnitude, porém, deixou em aberto para as reuniões seguintes, mais detalhes poderão ser revelados com ata da reunião com divulgação ainda esta semana.
A arrecadação tributária federal em fevereiro de 2024 foi de R$ 186,5 bilhões. Em termos reais, o crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior foi de 12,3%, o melhor desempenho já registrado para o mês. Tendo em vista os dados desagregados, seriam quatro grupos de fatos: aspectos positivos como a contribuição forte do mercado de trabalho aquecido, a reversão da desoneração tributária de combustíveis e a tributação de fundos exclusivos. Aspectos negativos são associados às ações iniciais do governo este ano, como subvenção de ICMS e JCP. Embora o aumento de 12,3% na arrecadação em fevereiro seja uma boa notícia, ainda está aquém da média necessária para atingir a meta.
PERSPECTIVAS
Nesta semana mais curta por conta do feriado, teremos a divulgação do deflator do PCE (indicador de inflação favorito do Federal Reserve), das atas dos bancos centrais do Brasil e dos Estados unidos que fornecerão perspectivas sobre os próximos passos de política monetária. Além disso, contaremos também com a divulgação do IPCA-15 de março, e dos dados estatísticos do Caged e do Pnad, ambos relatórios relacionados ao mercado de trabalho doméstico.
Em nossa estratégia de Longuíssimo Prazo, recomendamos aumentar a exposição em Fundos IMA-B 5+, que podem trazer retornos reais, pois são protegidos da inflação. Importante notar que sua carteira teórica é composta por NTN-Bs com prazo acima de 5 anos e possuem uma parte pré-fixada, por isso, recomendamos cautela neste segmento, pois essa parte pré-fixada traz alta volatilidade para o fundo. Ainda no Longo Prazo, mantemos nossa recomendação de 10% de exposição em fundos deste segmento, como IMA-B.
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Adicionalmente, aumentamos nossa recomendação para 10% dos investimentos em fundos de Gestão Duration, aproveitando a estratégia de gestão ativa oferecida por esse segmento. Com o ciclo de queda da Selic, fundos de renda fixa passivos terão mais dificuldades de obterem rentabilidade superior a meta de rentabilidade do RPPS, por isso, os fundos de gestão ativa podem apresentar alternativas atrativas para isso.
Para um horizonte de médio prazo, reduzimos nossa recomendação para 10% dos investimentos para fundos deste segmento. É importante diversificar dentro do índice, tendo uma exposição índices pós-fixados, como o IDKA IPCA 2A e o IMA-B 5, atrelados a inflação. Além disso, neste cenário de queda na taxa de juros, é aconselhável uma entrada gradativa no IRF-M, que é um índice pré-fixado, sendo importante agir com cautela devido à volatilidade desse indicador. Uma estratégia gradual permitirá aproveitar possíveis oportunidades e minimizar riscos em um ambiente de juros em declínio.
Quanto à exposição de curto prazo, sugerimos realizar uma saída gradual até que o RPPS atinja uma exposição entre 10%. Com o cenário de queda da Selic, os índices de curto prazo tendem a ser os primeiros a sentirem os efeitos da política monetária.
Para diversificar a carteira, é aconselhável adquirir também títulos privados, principalmente as letras financeiras, até atingir uma alocação de 15%. As letras financeiras oferecem taxas que superam, em sua maioria, as metas atuariais dos RPPS e com prazos de até 10 anos, oferecem alternativas atrativas para diversificação de carteira.
Com o fechamento da curva de juros de longo prazo nos EUA, a pressão inflacionária começou a se alivar e os mercados começaram a responder positivamente. Com expectativa de corte de juros no 2T de 2024 por parte do Fed, recomendamos uma exposição de 10% nos fundos de investimento no exterior, tanto os de Renda Fixa como os fundos de ações ou multimercado exterior. A CVM 175 também abrirá as portas para estes fundos, que agora poderão ser destinados a investidores gerais (sem Pró-Gestão no caso do RPSS) e com isso abre a oportunidade de dolarizar o patrimônio do RPPS.
Quanto aos fundos de ações relacionados à economia doméstica, sugere-se entrar no mercado de forma gradual, aproveitando oportunidades na bolsa de valores para construir um preço médio mais favorável, mantendo a nossa recomendação de 20% de exposição.
Em relação aos Fundos Multimercado, recomendamos reduzir a exposição para 5% e alocar essa parcela em Fundos de Investimento Imobiliários (FII). O setor imobiliário é um setor que se beneficia da queda dos juros pois são muito dependentes de financiamento. Recomendamos uma exposição de 5% para este subsegmento. Atenciosamente,