A sucessão do CFO é uma receita de bolo

A sucessão do CFO é uma receita de bolo

Nos últimos anos, a sucessão de CFOs tem se mostrado um assunto cada vez mais complexo, exigindo um planejamento estratégico cuidadoso e de longo prazo. Diferentemente de uma transição operacional, a escolha do novo CFO tem repercussões profundas, especialmente em empresas de capital aberto, onde esse papel exerce influência direta na confiança dos investidores e na valorização de mercado. 

Em uma experiência recente de sucessão em uma companhia de grande porte, ficou claro que o êxito desse processo não está em soluções rápidas, mas sim em uma atuação preditiva e na atenção aos mínimos detalhes. Como em uma receita de bolo, há uma sequência de passos essenciais a serem seguidos para mitigar possíveis impactos e potencializar os resultados desse movimento. Até porque, qual seria o destino das organizações se a sucessão da liderança responsável pela gestão de suas finanças fosse tratada com negligência?


Por onde começar?


Primeiramente, você precisa planejar com antecedência

A sucessão do CFO é complexa, mas com um planejamento adequado é possível simplificar o processo e mitigar os riscos envolvidos. Em primeiro lugar, tenha em mente: a sucessão do CFO demanda tempo. Planejar com pelo menos dois anos de antecedência permite que a empresa prepare não apenas o sucessor, mas também todo o mercado e a equipe interna para a transição. 

Esse período possibilita que a mudança aconteça de forma mais natural, onde o atual CFO ainda está presente para conduzir a companhia e oferecer orientação ao sucessor nas áreas mais críticas. Claro, aqui estamos nos referindo ao cenário ideal, mas se pudermos nos aproximar dele da maneira mais substancial possível, já será um grande avanço.


Depois, considere se a companhia suportaria esse movimento no atual momento de mercado em que se encontra.

Antes de identificar o perfil desejado para o cargo, é essencial revisar a estratégia financeira e os desafios que a empresa enfrentará nos próximos anos – afinal, nem todo momento favorece essa transição. Existem alguns cenários específicos em que é recomendável adiar a troca de CFO para evitar riscos adicionais:

  • Reestruturação organizacional: Em processos de fusão, aquisição ou reestruturação, a continuidade do CFO que já conhece a estrutura da empresa é essencial para uma transição tranquila. Substituir o CFO nesse momento poderia gerar desalinhamentos nas decisões críticas.
  • Lançamento de IPO: Quando a empresa se prepara para abrir capital, é fundamental que o CFO seja alguém que já tenha construído um histórico de confiança com investidores e que compreenda profundamente os requisitos regulatórios. Uma mudança de CFO durante um IPO pode impactar negativamente a percepção do mercado.
  • Mudanças regulatórias significativas: Em setores com mudanças regulatórias intensas, como financeiro ou saúde, a liderança de um CFO que conhece as novas exigências é importante para garantir uma adaptação segura. O momento de transição pode ser arriscado se o novo CFO precisar de tempo para se familiarizar com esse ambiente.


E, claro, observe o mercado

Após considerar o momento ideal, o próximo passo é definir se a organização buscará um sucessor interno ou externo. Caso haja alguém na equipe financeira com potencial para assumir o cargo de CFO, é recomendável investir no desenvolvimento desse profissional para que ele esteja plenamente preparado. 

No entanto, caso a escolha seja por um CFO externo, é importante considerar não apenas a experiência e os conhecimentos técnicos do executivo, mas também sua capacidade de adaptação à cultura e ao ritmo da organização. A experiência em ambientes complexos, histórico de entregas sólidas e habilidades estratégicas que agreguem valor à companhia são elementos fundamentais.


E como integrar tudo isso?

Se estamos falando de uma “receita de bolo”, precisamos retomar alguns elementos para compreender os resultados que queremos e, a partir disso, realizar as definições necessárias sobre como conduzir a sucessão do CFO. Antes de qualquer coisa, sugiro uma retomada dos objetivos do negócio para estabelecer (ou relembrar) os norteadores centrais desse processo, de maneira a assimilar a visão de longo prazo sob a qual a organização está ancorada, bem como suas atuais necessidades em termos de gestão financeira e governança.

Entende-se, portanto, que uma atuação preditiva somada à análise do momento de mercado da companhia e ao mapeamento de executivos aptos a ocupar a posição de Chief Financial Officer são aspectos fundamentais da sucessão. Mas, isolados, não são capazes de gerar resultados efetivos. Preciso pensar com antecedência, o que demanda olhar para todos os potenciais sucessores com outros olhos. Preciso avaliar se meu negócio será beneficiado (ou não) por essa transição, o que exige um amplo período de revisões financeiras e o monitoramento contínuo da imagem da companhia perante os investidores. Preciso escolher um sucessor; logo, também devo considerar todas as expectativas e desafios intrínsecos à Diretoria Financeira.

Dessa maneira, proponho aqui uma cronologia de ações em relação à sucessão do CFO:



(Fonte: Artur de Castro | Evermonte Executive Search)




A sucessão do CFO não é apenas uma troca de posições: é uma operação de grande impacto que requer precisão, planejamento e uma visão de longo prazo. Como em uma receita de bolo, há ingredientes e passos indispensáveis, mas é a precisão e o rigor na execução que garantem o resultado final. O triunfo da sucessão do CFO decorre de seguir uma ordem clara de etapas, ajustada às necessidades únicas da empresa, e de preparar o terreno com os elementos certos para que essa transição seja suave, transparente e, acima de tudo, estratégica.

O que você acredita ser essencial para garantir uma transição bem-sucedida? Compartilhe suas percepções e experiências nos comentários!


Adriano Doré

Diretor Administrativo e Financeiro

1 m

Excelente artigo Artur. Necessário essa preparação da companhia para uma mudança tão significativa. Obrigado por compartilhar.

Luiz Fabiano Mafra Negreiros

Planejamento Estratégico | Gestão Operacional | Segurança Corporativa | Liderança de Equipes | Treinamentos Complexos | Otimização de Processos | Inteligência Competitiva | Análise de Mercado

1 m

Excelente artigo, Artur! A sucessão de CFOs realmente demanda um planejamento estratégico robusto, considerando a complexidade do papel e seu impacto direto na confiança dos stakeholders. Além de aspectos técnicos, é crucial avaliar o alinhamento do candidato à cultura organizacional e à visão de longo prazo da empresa. Uma transição bem planejada não apenas mitiga riscos, mas também cria oportunidades para inovação e renovação na liderança financeira. Parabéns por trazer à tona esse tema tão relevante para o mercado corporativo! 👏

Leonardo Estevam

| EXECUTIVO C-LEVEL | Expert em Turnaround, Conselheiro Consultivo, Profissional de Educação e Mercado Financeiro. #Liderança #Estratégia #Financeiro #CEO #Comercial #Turnaround #Educação #Inovação #Economia

1 m

Excelente artigo, nunca é simples mesmo trocar CFO. Para quem o substitui, melhor se isso for bem conduzido e com o maior número possível de informações. Mas parabéns pela sua estratégia.

Brenner Augusto

CFO | Diretor Financeiro | Controller | Controladoria | FP&A | M&A | Contabilidade | Fiscal | Financeiro | Societário | Processos | Tecnologia | CSC

1 m

Excelente artigo. Uma posição tão importante quanto a do CFO não pode ser tratada de forma simples. Todo o histórico, relacionamento e conquistas realizadas com ele tem que ser levadas ao próximo CFO. Por isso é importante formar um substituto, pessoas chaves não pode carregar o legado com ela, esse legado tem que pertencer a empresa e a substituição por pessoas formadas e preparadas para ocupar aquele posto é fundamental.

Alexandre Baraldi

Diretor Financeiro | Controller Regional | Gerente FP&A | Gerente Administrativo Financeiro | Executivo de Finanças Corporativa | Head de Finanças | Controller Comercial | Gerente de Market e Produtos

1 m

Excelente artigo, Artur de Castro Frischenbruder. Realmente o processo não é simples e demanda atenção e cuidados e na escolha do sucessor e do momento correto para fazer a transição. É muito importante o apoio condicional de acionistas e/ou conselheiros, pois muitos ruidos podem ocorrer e principalmente afetar a confiação sobre o proprio Business, isto se este movimento não for efetuado adequadamente.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos