A mudança irresistível

A mudança irresistível

Existe a velha máxima publicitária que as pessoas estão habituadas a ouvir nas séries e filmes de televisão: "O sexo vende".

Durante décadas, foram utilizadas imagens de mulheres com pouca roupa para publicitar cerveja, hambúrgueres, carros, géis de banho, iogurtes, perfumes e provavelmente até uma outra agência funerária.

E parece que as coisas andam a mudar gradualmente. Mais ou menos.

Este post não serve para conjecturar como a campanha em cima, se tivesse nela representado uma mulher em vez de um homem, seria disseminada nas redes sociais com forquilhas e tochas acesas por parte de um audiência revoltada. Nem serve para ponderar se existem campanhas em que a objectificação do corpo de um ser humano poderá ou não ser válido, mesmo que o produto à venda seja algo tão dissonante como margarina. Serve antes para reflectir sobre a permanente resistência à mudança dentro deste meio.

Cada vez mais há uma maior preocupação com a reacção da audiência. Fala-se muito em machismo e nos padrões injustos de beleza determinados pelos media. E desde o boom das redes sociais, as marcas têm cada vez mais medo de dar um passo em falso, visto que basta desagradar a uma pessoa para vir a desagradar muitas mais, gerando uma mini-crise de imagem.

Em grande parte por causa disso mesmo, os clientes têm cada vez mais medo de arriscar no incomum, no desconhecido e no arriscado. Ou seja, têm cada vez mais medo da criatividade em si.

Sabendo que o mundo está a mudar, agarramo-nos aos clichés que já conhecemos mas alterando "só aquele bocadinho que não incomoda a ninguém e faz parecer novo". Tudo, para não mudar à séria. Na verdade, trata-se de um comportamento paradoxal, pois as pessoas só partilham nas redes dois tipos de criatividade publicitária: aquela que as revolta e aquela que as consegue de facto surpreender.

Pode ser que este anúncio em questão, daqui por umas décadas, seja considerado tão aberrante como os anúncios sexistas que até hoje enojam tanta gente. E daí, pode ser que não.

Seja como for, a única coisa certa é que muita coisa vai mudar no mundo que conhecemos. O que importa mesmo é não nos distrairmos tanto a tentar mudar o mundo, que nos esquecemos de tentar mudar com ele.

Mais disto n'O Pubsicólogo


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